Sarney classificou ontem movimento pelo impeachment de "acidente", mas recuou após repercussão negativa
Amigos leitores,
Há anos estamos a vivenciar acontecimentos surreais e vergonhosos neste país. Sempre que posso e considero importante, tenho me pronunciado como cidadã sobre os mesmos. Referentemente a José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, mais conhecido como José Sarney, e por mim considerado por seus agires como Senhor Feudal do Maranhão, Amapá e Aderredores escrevi uma série de artigos que revelam a postura nada ética do ainda senador, que por outro lado, é dotado de inegável talento histriônico.
Não entendo - nem posso entender como foi reconduzido à presidência do Senado da República após todos os escândalos que geraram uma série de representações contra o ele. Não entendo – tampouco posso aceitar que as referidas representações, foram rechaçadas e engavetadas de plano pelo então presidente da Comissão de Ética do Senado, Paulo Duque, que, sem ética alguma – não a que conhecem as pessoas de bem, pois (sic) não via indícios quaisquer que fossem para aceitá-las – se isso tivesse feito, teriam que ser submetidas ao plenário.
Referentemente ao ex-líder estudantil mencionado na matéria, que se posta sempre ao lado dos que pensa irão vencer, faz declarações sem supedâneo algum na realidade histórica. (*)
Este tipo de comportamento não se coaduna com o de um verdadeiro político, mas com o de um politiqueiro: bajulador– como é a maioria.
Deixo ao critério dos senhores, meus amigos, a conclusão, após a leitura desta matéria.
(*) Realidade histórica é o que efetivamente aconteceu, suas origens e repercussão – e não o que muitos como ele, erroneamente imaginam.
(**) Fernando Collor tinha tudo para ser um grande estadista. Fez coisas boas - não nego-nem poderia fazê-lo. Lamento pelo impeachment - mas foi necessário. Todavia, se compararmos sua gestão com a do último presidente, tampouco se pode intender a razão pela qual Lula não sofreu o mesmo processo - motivos e provas não faltaram.
Rio de Janeiro, 31 de Maio de 2011
Mirna Cavalcanti de Albuquerque.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), recuou nesta terça-feira (31) da decisão de excluir o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL) do corredor "túnel do tempo" da Casa painéis com imagens que contam os principais fatos históricos da instituição. Sarney chegou a classificar ontem o impeachment de "acidente", mas recuou um dia depois diante da repercussão negativa da retirada.
Em vídeo postado no blog do Senado, Sarney afirma que não era o curador da exposição de fotos que integram os painéis, por isso não foi sua responsabilidade excluir o impeachment do local.
A galeria, com 16 painéis, fica em um corredor entre os gabinetes dos senadores e o plenário. É um dos lugares mais visitados da Casa. O espaço passou por reforma, sem custos, segundo a Secretaria de Comunicação do Senado.
Em 2007, às vésperas da posse de Collor no Senado, a Casa já havia retirado as referências ao caso, mas recuou e algumas imagens acabaram inseridas no túnel do tempo. O painel que retrata a gestão Collor mostra, por exemplo, a aprovação de projetos como o tratamento gratuito de HIV e o "Estatuto das Micro e Pequenas Empresas". (**)
Collor renunciou momentos antes do Senado decidir pelo impeachment, em 1992. Mesmo assim, os senadores aprovaram a perda do cargo.
Lula Marques/Folhapress
Sarney classificou ontem movimento pelo impeachment de "acidente", mas recuou após repercussão negativa
Em nota, a Secretaria de Comunicação do Senado disse que a ideia dos painéis era "a partir da Constituição de 1988 destacar os fatos marcantes da atividade legislativa", com "foco na produção legislativa do Congresso Nacional".
REAÇÃO
Líder estudantil e do movimento dos caras pintadas, o hoje senador Lindberg Farias (PT-RJ) rebateu as declarações de Sarney. O petista disse que o fato é uma "página da história que orgulha" os brasileiros.
"É um erro tremendo. Não se apaga as páginas da história. É um erro do presidente Sarney, um grande equívoco", disse Lindberg.
Sarney classificou ontem o impeachment de "acidente" logo após a reinauguração da galeria de imagens do Senado, que conta a história da instituição desde o Império até os dias atuais --mas excluiu as fotos que faziam referencia à aprovação do processo de impeachment de Collor na Casa.
Lindberg saiu em defesa da importância histórica do impeachment para o fortalecimento da democracia no país. "Na história recente do país, o impeachment foi um dos maiores movimentos de mobilização social da nossa história, então, não é acidente. É uma página da historia que muito nos orgulha."
Sarney disse que o episódio talvez "seja apenas um acidente e não devia ter acontecido na história do Brasil". "Não é tão marcante como foram os fatos que aqui estão contados que construíram a história e não os que, de certo modo, não deviam ter acontecido”, disse o presidente do Senado.
Procurado pela Folha, o ex-presidente Collor não quis comentar a polêmica sobre a retirada do painel.
GABRIELA GUERREIRO
MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA
http://www1.folha.uol.com.br/poder/923286-sarney-recua-e-mantem-imagem-de-impeachment-de-collor-no-senado.shtml
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