Não se pode negar que a ’cannabis sativa’ é de um lindo verde e que suas folhas são belas. Quem sabe por isso a velhinha não deixou crescessem quando ’apareceram’?
AnteScriptum
Este conto foi escrito com base em fatos ; situações similares ocorrem em muitos países do mundo.
Há que considerar-se que a maioria dos idosos recebem valores ínfimos ao se aposentar. Considere-se outrossim, que a falta de ética independe de idade e que cultivar maconha em casa, para vender, pode ser, para os que carecem de Princípios, o 'caminho mais fácil' para obter um ‘dinheirinho extra’.
Os que quiserem, podem pesquisar no "Google" ou qualquer outra ferramenta de busca; constatarão a atualidade e a frequência de fatos análogos ao aqui narrado.
Mirna.
"A velhinha da cannabis"
Ela era uma doce e sossegada velhinha que, para complementar sua parca aposentadoria (?!...) plantava a cannabis em seu quintal.
Em uma tarde de um dia qualquer, após ter preparado seu chá verde e saboreá-lo com deliciosas broinhas de milho recém tiradas do forno... sua memória ia sendo enlevada por doces lembranças.
"Toc, toc, toc ..." O barulho fê-la voltar à realidade. Olhou para a janela e vislumbrou, através das cortinas de renda antiga, dois homens a bater à porta de sua casa. Um deles trazia em mão um mandado judicial que determinava fosse feita busca em sua casa. Surpresa, desconcertada e até mesmo assustada, ela teve que deixá-los entrar. Imediata e meticulosamente os federais iniciaram, gentis, seu trabalho. Ela os seguia silenciosamente com passinhos rápidos ...
Nada encontraram dentro da casa mas, ao abrirem a porta da cozinha ... um magnífico tapete verde forrava, exuberante, a parte dos fundos: o quintal estava todo verde - um verde esmeralda surpreendentemente belo, por sinal!
Um policial olhou para o outro... Espantados, viraram-se e olharam simultaneamente para a velhinha como se não acreditassem – pois sua figura frágil não se coadunava à de uma plantadora de coca...
"Pronto! Descobriram. Estou frita”, ela pensou. O pince-nez (*) caiu-lhe do nariz ... Sem graça, ruborizada, com os olhos arregalados no redondo rosto angelical, meneou sem esperança a cabeça e disse-lhes com voz de falsete (*) semitonada:
“Não sei como estão aí! Não as semeei! Simplesmente começaram a brotar e foram crescendo, crescendo... !"
(*) voz esganichada
(**) óculos antigos, sem hastes, que se mantêm no nariz pela pressão de uma mola.
Mirna Cavalcanti de Albuquerque Rio de Janeiro, 10 de janeiro de 2012
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