Eu os recebo a todos com a mente e a alma abertas.

A qualquer dia, a qualquer hora, os que aqui passarem, colham uma flor deste jardim de pensamentos e sentimentos - que é nosso - e sintam que somos todos iguais.

O que nos pode diferenciar, são nossas almas e ações.
Portanto. caminhemos sempre em direção à LUZ por toda a vida. Façamos, se possível, amizades e tentemos ser solidários.

A Nação Brasileira necessita, entre muitos, de educação, saúde, trabalho e respeito aos Valores e Princípios que a dignificam.

Fundamental, outrossim, é o respeito às Leis Justas e a luta pacífica pelo Justiça Social verdadeira, não a que está sendo incutida nas mentes menos preparadas.

A final, amigos leitores, sintam-se livres para comentar sinceramente sobre o que lerem, para que possamos interagir.

Mirna Cavalcanti de Albuquerque































































Outras Páginas

segunda-feira, 29 de março de 2010

As cotas da insensatez escondem a desconstrução do ensino público

Consoante as mais modernas posições científicas, não existe como traçar uma separatriz entre as raças em uma população miscigenada. - Foto: www.pedroporfiriolivre.com

A afirmação abaixo, em itálico, se encontra no início deste artigo de Pedro Porfírio.


Corrobora o artigo (não a afirmação), com meu pensamento sobre essas quotas, sempre expendido no que escrevo e que mencionei no e-mail enviado para o presidente Lula.


O artigo do grande e destemido jornalista reflete em detalhes a triste realidade: o governo pretende mesmo manter o povo na ignorância.
Mirna Cavalcanti de Albuquerque






"Os alunos da rede pública são, em média, mais pobres que os das escolas particulares, mas é razoável esperar que, dos alunos cotistas, os com melhor desempenho no concurso de admissão às universidades federais venham a ser os de maior renda. As cotas simplesmente transferirão os subsídios públicos dos mais ricos para os menos ricos".
Armando Castelar Pinheiro, Doutor em Economia, Universidade da Califórnia (Berkley); Professor de Economia na UFRJ e Fundação Getúlio Vargas"


O que é que eu posso fazer? A manipulação das angústias é tão eficiente que entorpece as mentes com a carga de uma droga letal.
Há fórmulas para toda dúvida. E sofismas de sobra. E de tais ingredientes é a química das idéias que não deixa escolha. É concordar com o dito ou correr risco.
Nessa questão das cotas raciais nas universidades, discutidas neste momento em audiências no Supremo Tribunal, ai de quem não concordar.
O fogo parte de todos os lados, inclusive dos intocáveis da mídia, que chegam ao ponto de equiparar o Brasil aos Estados Unidos, fonte de inspiração dessas "ações afirmativas".


Querem por que querem transformar a universidade pública em bode expiatório de traumas encubados e conflagrações virtuais, desvirtuando sua finalidade como plataforma de profissionais aptos para os desafios da ciência e da gestão.


Punem a sobrevivente do ensino público ainda respeitável com a pena da compensação por injustiças pretéritas. Nestes tempos em que o mercadão privado dos diplomas universitários derrapa pelo exagero de ofertas, parece necessário minar a boa Universidade estatal, vergando-a a níveis da assistência social inconsequente.

Ou você acha que a graduação de profissionais não tem compromisso com sua inserção em condições de preparo efetivo na vida dos cidadãos?


Cotas em universidades servem tão somente para tentar escamotear o fracasso das escolas públicas de base sucateadas e para produzir cortinas de fumaça sobre uma sociedade historicamente referenciada pela pirâmide social.


Obtém-se com o suposto resgate de velhas agruras o comprometimento de cenáculo universitário, que passa a desprezar o critério do mérito, conquista essencial nas sociedades que se acham democráticas, em proveito de um sistema esdrúxulo de acesso.


No debate desse novo papel da Universidade pública, não cabe discutir se o Brasil teve ou tem racismo. É até admissível que o racismo no sapatinho entre nós tenha sido tão nocivo como nos chocantes massacres dos Estados Unidos de algumas décadas atrás.

É difícil deparar com um garçom negro, um vendedor dessas lojas de rede, um bancário, ou mesmo um corretor de imóveis, profissões que dispensam diplomas universitários.


Há fartura de informações sobre os percentuais de negros entre os mais desafortunados e excluídos. Mas não consta que o acesso privilegiado dos raros que ultrapassam o ensino médio tenha alcance multiplicador.


Com toda essa janela no ensino superior aberta pelas cotas, a massa "afro-descendente", como um todo, vai continuar nos estratos subalternos, amargando a vida de cão que acomete a avalanche de pobres, inclusive brancos. Porque a estratificação social e racial se dá com toda ênfase nos pontos de partida.


O erro primário está na transformação das cotas em elemento determinante da escolha de futuros bacharéis. Na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, as cotas raciais chegam a 40%, um janelão de efeitos colaterais indisfarçáveis.


Com elas, violam-se as salvaguardas constitucionais sobre a igualdade de oportunidades e ainda permeia-se o centro de ensino de vícios de origem insanáveis. Essas violações abrem caminho para outros fatores seletivos, eliminando direitos inalienáveis (O sistema de quotas viola o disposto no artigo 208, inciso V, da Constituição Federal, que fixa o critério de capacidade para ingresso no ensino superior).


Não é da proposta, mas só falta supor o estabelecimento também de cotas de formandos. Isso está na natureza do privilégio introjetado, cuja existência encontraria sofismas manipuladores em sua defesa.


Não está em jogo, num mundo em que se vive a incerteza do amanhã, o discurso sobre as práticas coloniais. Nesse caso, seria preciso muita parcimônia para não agredir os fatos históricos.


Aconteceu de tudo, como acontece de tudo ainda hoje. Não há, portanto, pecado pretérito a pagar à custa de vulnerar o futuro.


Há, sim, em primeiro lugar, uma grande tarefa que vem sendo maldosamente adiada: o resgate do ensino público de primeiro e segundo graus, tal como foi tentado por Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, com a introdução do sistema de tempo integral e de uma pedagogia parceira, que repele a farsa da repetência excludente: hoje, não se ministra educação de verdade, mas se cobra resultados na hora das provas.


A insuficiente janela de escape das cotas é a forma mais desonesta de esconder o caos nas escolas fundamentais e médias dos Estados e municípios. E de manter a má distribuição das verbas orçamentárias: 0,9% do PIB no ensino superior, contra 0,6% no médio. (Já o aluno de faculdade custa 12 vezes mais do que o do ensino infantil).


É, ao mesmo tempo, a desonesta desconstrução das universidades estatais, ainda respeitadas e competitivas. Não que os cotistas sejam em princípio inaptos. A experiência desmente assertivas nessa direção.
Mas a consagração de dois pesos e duas medidas afunila os acessos genéricos, afastando da faculdade quem não se enquadra nos parâmetros seletivos paralelos.


É o que teme o professor Armando Castellar Pinheiro:  "A introdução das cotas também custará alto em termos de perda de qualidade do ensino (e pesquisa) nas universidades federais, já que haverá um afrouxamento natural das exigências de desempenho dos alunos, para evitar altas taxas de repetência, e uma desvalorização do mérito enquanto critério orientador da vida acadêmica. Até porque o diploma de conclusão de curso não especificará o método de entrada na universidade, esse perderá valor no mercado de trabalho, e com o tempo haverá uma migração dos alunos com melhor formação secundária para boas universidades privadas, que também atrairão os melhores professores. Esse é um resultado clássico em economia: a moeda de menor valor (alunos com pior formação) sempre expulsa do mercado a de mais valor. Depois de um tempo, o sistema de cotas simplesmente fará com que se reproduza no ensino superior a dicotomia hoje prevalecente na educação básica: de um lado, alunos ricos pagando por um bom ensino em universidades privadas, e, de outro, alunos menos ricos em universidades públicas de qualidade inferior".


A meu ver, os montadores dessas políticas também jogam no diversionismo que esconde a limitada oferta de vagas para todos os jovens na Universidade pública.
E, o que é mais grave, geram um conflito secundário para mascarar o pouco caso com a educação, ainda vítima da miopia de uma elite governante medíocre e insensata.






www.pedroporfiriolivre.com

Nenhum comentário: